Juventude, Arte e Educação
A Dança Nossa de Cada Dia
Experimentar.Experimentar é uma palavra que costumo provocar em meus alunos durante as nossas aulas. O experimentar não no sentido "tapar o sol com a peneira" como costumamos ouvir, mas sim, permitir um espaço para que descubram diversos modos de construir Arte. Experimentar o erro, o acerto, a dúvida, o próprio ato de fazer. Experimentar a cor, o cheiro, o sentido, o prazer aos olhos. Vivenciar a experiência é o que me instiga a cada dia trabalhar e proporcionar instrumentos para que meus alunos construam suas próprias "embarcações". Me refiro a "embarcações", não só acreditando que a Educação é um verdadeiro mar ( muitas vezes desconhecido), mas por saber que são elas que conduzem pelas desventuras e descobertas da vida, riscando não só esse mar , mas tornando-se diariamente a base firme que os estruturarão em suas futuras embarcações.
A Dança Nossa de Cada Dia, título que dei a esse conjunto de telas, surgiu em um desses momentos de experimentos. Telas, tintas, pincéis, potinhos com água foram utilizados na criação, porém todo esse material subscreveu-se pela curiosidade, juventude e expectativa dos próprios alunos das sétimas séries que assinam esta obra. No início, uma algazarra! Poucos foram os alunos que aceitaram "navegar", talvez pela própria exposição do seu fazer,sentimento nato dos adolescentes. Ficaram retraídos e esperaram para ver com olhos suspeitos o que lhes seria apresentado. Assim como tudo na vida, é regido pelo tempo, aos poucos essa sensação foi sendo absorvida pela vontade e curiosidade de suas criações, logo então, a âncora até então firme no mar, foi sendo içada e suas caravelas começaram a provocar movimentos na tela. Que bonito ver o pincel com tinta dando direção ao movimento de cada um! Que maravilhoso ver olhos fixados em uma tela sobre a mesa da sala de aula na busca do que fazer! De que maneira representar o que o coração já está mais do que sabido e na memória mais do que presente. Que maravilha ver a dança acontecendo nas trocas de idéias entre eles mesmos, nas idagações, nas escolha, nas vidas individuais do coletivo. A representação do que é dança para eles aos poucos foi surgindo e assim; povoaram a sala de aula com energia e alegria do que essa arte, chamada por muitos como a mãe das artes, carrega em si. Todos que ali experimentaram se tornaram bailarinos em seus prórpios palcos.
A dança não só foi motivo de estudo durante um tempo nesse trimestre, mas também arte orientadora desses trabalhos que hoje podem ser vistos por pais, professores, alunos, funcionários, amigos e comunidade em geral que perpassam pela escola. E para mim, enquanto professora desses pequenos "marujos", colega de caminhada e de aprendizagem, sinto-me gratificada e orgulhosa de saber que esses mesmos puderam ter a oportunidade de experimentar, simplesmente isso, experimentar ...
Parabéns ! a todos envolvidos e comprometidos com o trabalho por mais esse encontro generoso da arte e educação. Meus queridos alunos, através desses quadros, telas e pinturas literalmente fizeram meus olhos dançar!
Fernanda Bignetti
Escola Daltro Filho - 17/09/2009